Dinheiro gasto com VLT daria para construir quase 11 mil leitos de UTI em MT
- JLNoticias
- 18 de dez. de 2020
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O dinheiro gasto com as obras do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) seria suficiente para instalar pelo menos 10.831 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Mato Grosso. O valor pago até agora em empréstimo feito para a instalação do modal foi superior a R$ 844 milhões. Ao todo, o governo emprestou mais de R$ 1 bilhão para executar o projeto.
Segundo um levantamento feito, o custo médio para a instalação de um leito de UTI é de R$ 78 mil. Esse foi o recurso gasto para colocar os novos leitos do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, nos últimos meses, para atender pacientes com Covid-19.
As parcelas pagas pelo modal, desde os contratos feitos em 2012 até novembro de 2020 totalizam o montante de 844.818.456, recurso que, se utilizado na Saúde, poderia ofertar a população mais de 10 mil leitos de UTI nos 141 municípios do estado.
Além da instalação dos novos leitos, os recursos também possibilitariam a manutenção de um mês de todas estas UTIs. Isso porque, do valor total do empréstimo que o estado fez para a obra, ainda falta o pagamento de R$ 563.598.183.
Esse valor poderia custear a manutenção dos leitos por 26 dias em funcionamento, visto que, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o valor médio pago pelo estado para manter uma UTI funcionando é de R$ 2 mil por mês.
Endividado por mais 20 anos
A dívida de mais de R$ 1 bilhão será quitada apenas em 2044. Segundo dados da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz), entre os três contratos firmados para as obras de mobilidade relativas ao VLT, o estado já pagou mais de R$ 844 milhões, mas ainda deve R$ 563,5 milhões do dinheiro que pegou emprestado para construir a obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Do valor do empréstimo, que foi R$ 1,1 bilhão, mais de R$ 370 milhões foram pagos até novembro deste ano, só de juros.
Segundo o levantamento feito, foram, em média, R$ 14 milhões pagos pelo governo do estado por mês, de encargos.
Investimento
Com o financiamento, o governo estadual investiu na área de 133 mil m², ao lado do aeroporto, na compra de 40 trens, 280 vagões, 40 km de cabos de energia, 22 km de trilhos e nove subestações. Esta área é onde fica o Centro de Controle e Operação do VLT.
Com os recursos, foram construídos, também, os viadutos do aeroporto e da Avenida da FEB, em Várzea Grande, além de 3,5 km de trilhos eletrificados, uma ponte de concreto de 224 metros sobre o Rio Cuiabá, três viadutos em Cuiabá e 294 vigas de concreto para a ponte do Rio Coxipó.
Relatório de viabilidade da obra
O grupo de trabalho, criado em junho de 2019 e formado por integrantes da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, governo estadual e Caixa Econômica Federal, entregou um relatório final em março deste ano, sobre a viabilidade da continuação das obras do VLT.
De acordo com o relatório, a proposta mais viável e econômica para é uma Parceria Público Privado (PPP), em que o estado não precisará desembolsar mais novos recursos.
O presidente do Movimento Pró-VLT, Vicente Vuolo, afirma que a proposta também é a defendida pelo movimento.
"O dinheiro que está na conta do VLT é um valor R$ 193 milhões (sobra do empréstimo de R$ 1 bilhão. Este recurso é suficiente para terminar a primeira etapa da obra, que compreende o trecho do aeroporto em Várzea Grande, Bairro Porto em Cuiabá e Centro da capital. O restante será por iniciativa privada. Assim, o estado não gastará ainda mais recursos e a obra terá resultados", defende.
Vicente explica que a retomada das obras é positiva porque serão gerados 1.200 empregos diretos e 4 mil indiretos.
"Além disso, em apenas oito meses, o trecho de Várzea Grande,l que está com 70% das obras prontas, já estaria funcionando", afirma.
A obra
O modal, com 22 quilômetros de trilhos com dois itinerários, deveria ter ficado pronto em março de 2014 para facilitar o transporte dos turistas durante a Copa do Mundo, mas o projeto, que já consumiu mais de R$ 1 bilhão, está inacabado.
Denúncias de desvio de dinheiro travaram o andamento dos trabalhos. Até agora apenas 6 km foram concluídos. Por onde passaria os trens, a imagem é de abandono.
Em novembro de 2019, uma empresa de consultoria ganhou uma licitação para o estudo de viabilidade econômico-financeira de continuidade das obras do VLT, na Grande Cuiabá.
Pelo valor de R$ 464,3 mil, a empresa ficou responsável por elaborar e apresentar um relatório sobre a retomada do VLT e a viabilidade de construção do BRT (Buss Rapid Transit) - que consiste em corredores exclusivos para a circulação de ônibus coletivos.
Paralelamente a essa consultoria, foi feito o estudo técnico sobre a viabilidade ou não do VLT, por um grupo composto por vários órgãos e comandado pela secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Regional.
Direto da redação do JL Notícias
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